quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Minima Moralia - Dedicatória de Adorno para Horkheimer


Theodor Adorno dedica seus ensaios de "Minima Moralia: fragmentos..." ao seu amigo Max Horhkeimer.
Para os que não conhecem a obra, aconselho a leitura e reflexão de um dos textos mais sérios da filosofia contemporânea.

O trecho abaixo é parte da dedicatória de Adorno. Espero que seja compreendida em sua totalidade, pois é de uma sinceridade rara.

Boa leitura, רפאל


"A melancólica ciência, da qual alguns fragmentos ofereço ao meu amigo, refere-se a um domínio que, desde tempos imemoriais, se considerou peculiar à filosofia, mas que a partir da transformação desta em método caiu no desrespeito intelectual, na arbitrariedade sentenciosa e, por fim, no esquecimento: a doutrina da vida reta. O que outrora para os filósofos se chamou vida converteu-se na esfera do privado e, em seguida, apenas do consumo, a qual, como apêndice do processo material da produção, se arrasta com este sem autonomia e sem substância própria. Quem quiser experimentar a verdade sobre a vida imediata deve indagar a sua forma alienada, os poderes objetivos que determinam, até ao mais recôndito, a existência individual. Falar com imediatidade do imediato dificilmente é comportar-se de modo diverso dos escritores de novelas que enfeitam as suas marionetes com as imitações da paixão de outrora quais adornos baratos e que deixam atuar personagens que nada mais são do que peças da maquinaria, como se ainda pudessem agir enquanto sujeitos e algo dependesse da sua ação. A visão da vida transferiu-se para a ideologia que cria a ilusão de que já não há vida.
Mas a relação entre a vida e a produção, que degrada efetivamente aquela a um fenômeno efêmero desta, é de todo absurda. Invertem-se entre si o meio e o fim. Ainda não se eliminou totalmente da vida a suspeita do inconseqüente quid pró quo. A essência reduzida e degradada luta tenazmente contra o seu encantamento de fachada. A alteração das próprias relações de produção depende em grande medida do que ocorre na "esfera do consumo", na simples forma reflexa da produção e na caricatura da verdadeira vida: na consciência e inconsciência dos indivíduos. Só em virtude da oposição à produção, enquanto não de todo assimilada pela ordem, podem os homens suscitar uma produção mais dignamente humana. Se de todo se eliminar a aparência da vida, que a própria esfera do consumo com tão más razões defende, triunfará então o malefício da produção absoluta.
Há, contudo, muita falsidade nas considerações que partem do sujeito acerca de como a vida se tornou aparência. Porque na atual fase da evolução histórica, cuja avassaladora objetividade consiste apenas na dissolução do sujeito sem que dela tenha nascido novidade alguma, a experiência individual apoia-se necessariamente no velho sujeito, historicamente condenado, que ainda é para si, mas já não em si. Ele julga estar seguro da sua autonomia, mas a nulidade que o campo de concentração patenteou aos sujeitos ultrapassa já a forma da própria subjetividade. À consideração subjetiva, mesmo criticamente acutilante acerca de si mesma, cola-se um [elemento] sentimental e anacrônico: algo do lamento pelo curso do mundo, que seria de rejeitar não pelo que neste há de bondade, mas porque o sujeito que se lamenta ameaça ancilosar-se no seu modo de ser, cumprindo assim de novo a lei do curso do mundo. A fidelidade ao próprio estado da consciência e da experiência está sempre sujeita à tentação de se transformar em infidelidade, enquanto renuncia ao discernimento que transcende o indivíduo e chama tal substância pelo seu nome."

O Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) e o Relativismo Cultural na Amazônia - Breve Ensaio

É inevitável que a política interna e externa de cada Estado-membro da imensa área da América do Sul atinge, mesmo que por via oblíqua, as relações internacionais e o desenvolvimento do próprio Direito Internacional na América Latina. Neste sentido é que a técnica jurídica comum à práxis do direito interno deve ser vista por outra ótica nas relações jurídicas internacionais, uma vez que para estas relações o direito ganha um viés político-estratégico.
Assim, para um melhor tratamento das relações internacionais em âmbito amazônico, indispensável é o reconhecimento da existência do relativismo cultural no discurso jurídico, e mais ainda, do reconhecimento de que esse relativismo se faz presente nas relações humanas quase que em sua totalidade, portanto a ciência do direito jamais poderia ficar à margem desta concepção, uma vez que o direito é eminentemente cultura de uma certa sociedade em um dado local e tempo. Significa dizer que a historicidade da ciência do direito confere legitimidade aos atos jurídicos realizados em cada época e local.
O Pacto Amazônico encontrou (e ainda encontra) diversos óbices para a sua efetiva implementação, inclusive, resistências culturais que representam a maior força representativa da sociedade internacional (ainda em formação). Força essa que age ora anuindo, ora discordando dos efeitos e da forma que a aproximação dos Estados se apresenta. No caso específico da pan-amazônia, diversos são os fatores que, influenciados pela cultura e noção de mundo, traduzem-se em opiniões e manifestações sobre as relações internacionais. Neste sentido, questiona-se de que forma a integração amazônica internacional é possível, mediante a força representativa da cultura, e de que forma podem as relações internacionais atingir objetivos mediante esses conceitos relativos e até que ponto os tratados internacionais são suficientes, e mais especificamente o Tratado de Cooperação Amazônica viabiliza a evolução nas relações pan-amazônicas, considerando que dificuldades são encontradas na região no que diz respeito à Amazônia.
O TCA não é objetivo no tratamento da questão cultural, assim como outros tratados atribuem a cultura valor supletivo; percebe-se que não há na doutrina jurídica tratamento específico deste aspecto das relações interestatais, assim como à idéia de equidade, também muito mitigada. Somente no âmbito dos direitos humanos, utilizando de noções oriundas da antropologia cultural e jurídica, é que o direito toma para si esse elemento do discurso jurídico internacional. Muitas vezes, o discurso da globalização é tido como um discurso “lugar-comum”, que não considera os possíveis equívocos e contradições que o fenômeno pode apresentar. No âmbito da ciência do direito, as inúmeras desconsiderações do tema frente a uma noção plástica e compartimentada da globalização pode levar uma tautologia jurídica, no que diz respeito ao discurso jurídico, o que, conseqüentemente, pode acarretar na ineficácia do diálogo transcultural do direito.
A noção de Direito no contexto das relações internacionais é passível de receber conotações e interpretações diferenciadas pelos Estados ou sujeitos da sociedade internacional. Sob esse prisma, a dificuldade encontrada em produzir normas internacionais que sejam, de alguma forma, válidas em plano supranacional, encontra tanto as dificuldades atinentes aos aspectos de legalidade e legitimidade, quanto a dificuldade em ser aceita e respeitada pelos aspectos mais íntimos de uma sociedade. A superação de princípios e valores locais, bem como a harmonização da legislação interna às questões de interesse internacional envolvem uma atividade de auto-superação motivada pela determinação estatal em atuar no cenário internacional para satisfação de interesses de mesma natureza.
A dificuldade apresentada pelas concepções relativistas e universalistas da cultura dificultam ao discurso jurídico o pleno êxito das relações internacionais, o que acarreta muitas vezes na visão prejudicada que a cultura jurídica – em especial a cultura jurídica brasileira – reserva ao Direito Internacional Público, conservando ainda uma visão que acaba por colocar este ramo do Direito em plano secundário, o que em suma, é uma atitude de pleno desrespeito embasada por uma visão relativista da cultura, muitas vezes formulada em contraponto ao entendimento universalista desmesurado, baseado em conceitos vagos que aludem a uma “globalização”, ou “processo de integração”, partindo de uma noção compartimentada e limitada do processo que envolve a globalização e a formação da sociedade internacional.
Percebe-se que o relativismo cultural alimentou a resistência e o descaso de muitas nações sobre as questões de cunho internacionalista, o que contribuiu para a formação da visão secundária do Direito Internacional, manifestada por muitos governos quando da elaboração do Tratado de Cooperação Amazônica, através de restrições expressas, sob a alegação de proteção à soberania estatal. As relações internacionais encontraram – e ainda encontram – imensa dificuldade em satisfazer os interesses locais dos Estados em tão somente “conseguir para si” benefícios com a celebração de tratados internacionais, o que, obviamente, prejudica o objeto das relações dessa natureza, que é justamente a satisfação da sociedade internacional. O relativismo cultural reproduz noções e conceitos para fins de restringir a atividade e a visão “globalizante”, bem como a tendência natural do desenvolvimento das relações internacionais, manifestada pela necessidade de cooperação dos países no contexto global para a satisfação de necessidades continentais, regionais, ou mesmo mundiais.
Por outro lado, a concepção universalista muitas vezes provoca um discurso jurídico tautológico, baseado na mera reafirmação de conceitos e princípios “universais”, inerentes ao ser humano em natureza. Tal concepção acarreta na não-aceitação desmesurada em compartilhar da visão universalista, posto que seu conteúdo, na grande maioria das vezes não atine para dificuldades locais ou mesmo silencia a considerar esses aspectos, o que faz com que a sociedade tenda a repelir muitas vezes essa visão global da cultura – por via oblíqua, o próprio Direito Internacional.
Através de uma análise breve do desenvolvimento do Tratado de Cooperação Amazônica, percebemos um crescente interesse dos países amazônicos no desenvolvimento do Tratado. Esse interesse é alimentado pelas dificuldades enfrentadas pelos Estados em estabelecer políticas que assegurem o desenvolvimento da região amazônica, passando tais países a acreditar no instrumento do Tratado como um meio para superação e garantia dos direitos na região. Tal entendimento configura uma evolução considerável no desenvolvimento das relações internacionais na Amazônia, pois demonstra que o desenvolvimento do Direito Internacional depende, em última instância, da formação de uma cultura de Direito Internacional, e o afastamento de concepções e manifestações relativistas baseadas em uma visão estanque da cultura e dos direitos humanos. A Declaração de Belém, elaborada por ocasião da I Reunião dos Ministros das Relações Exteriores demonstra como a articulação política dos países amazônicos era ainda incipiente quando da celebração do Tratado, o que está consignado através de um documento que pouco faz além de reiterar o preâmbulo do Tratado. Por outro lado, conforme a necessidade de se criar mecanismos harmoniosos para satisfação dos interesses vitais desses países sobre a Amazônia cresce, cresce também o valor atribuído ao Tratado como instrumento viável para garantir a defesa da Amazônia, bem como o paradigma da sustentabilidade e do manejo de recursos naturais, sem prejuízo do interesse político e econômico do mundo na região. Tal interesse é confirmado pelo constante fortalecimento institucional do TCA, através da criação de Comissões Especiais e Permanentes para estudo e manejo de questões amazônicas, bem como da criação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica – OTCA.
Porém, muito embora haja interesse político em mobilizar relações internacionais para atingir interesses econômicos internacionais comuns, a efetiva integração de países envolve uma tarefa árdua de harmonização de princípios. A dificuldade do universalismo é justamente estabelecer discurso coerente com a realidade local em detrimento dos interesses internacionais comuns aos países amazônicos; por outro lado, o discurso tradicional e muitas vezes ortodoxo proposto pelos adeptos ao relativismo cultural acaba por gerar um efeito protelatório ao bom andamento das relações internacionais na Amazônia, através de uma conduta inclinadamente tolerante, onde observa-se uma tolerância vazia e indiscriminada, manifesta através de repetidos discursos sobre a integração regional e a aproximação da cultura Amazônica.
O problema que se mostra é determinante para o desenvolvimento de uma cultura amazônica, pois, partindo-se de concepções estanques, ou seja, fundadas em uma só cultura, torna-se inoperante o aparato internacional, justamente por não haver meios de superar antigas dicotomias da Ciência Jurídica, onde muitas vezes não só a conduta relativista é prejudicial, mas também a própria noção de soberania estatal e a força que ela representa para o Estado e o Direito.
Percebe-se quão grande é a dificuldade encontrada em fornecer elementos para uma nova noção de sociedade, vista agora sob o prisma supranacional, posto que as dificuldades da região amazônica invocam a força representativa da cultura local para desvirtuar ou mesmo dissimular a necessidade crescente da integração regional como processo formação de uma nova trajetória para a sociedade.
Admite-se que o relativismo cultural demonstrado em pré-conceitos acerca das razões para a cooperação e a integração amazônica significa uma postura diametralmente oposta ao discurso universalista ordinário, que muitas vezes não suscita diversidades culturais e dificuldades locais para o processo de formação da sociedade global, que, acima de qualquer coisa, não deve ser feito através da deformação do Estado, e sim, através de uma transmutação, que envolve a difícil tarefa de reconhecer os problemas e dificuldades internas de cada país amazônico. Tal tarefa supõe um processo de concessões mútuas, que demonstrem de que forma á devida integração é possível. O caráter solidário das relações internacionais é fundamental para a compreensão da formação de um fenômeno novo e inédito na história mundial.
A necessidade de discutir-se a importância do diálogo transcultural do direito nas relações internacionais invoca um novo passo para a hermenêutica jurídica contemporânea, no sentido de compreender quais óbices são verificados na consolidação de projetos de sociedade a nível internacional, bem como que critérios podem ser utilizados para harmonizar conflitos, sem que seja necessário entregar-se de antemão ao reducionismo do relativismo cultural, que de forma alguma questiona o problema fundamental e sua importância para o direito a sociedade internacional.
Dessa forma, a superação do relativismo cultural pode contribuir para o enriquecimento do diálogo transcultural do direito na região amazônica, o que possibilita ao Tratado de Cooperação Amazônia, através da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, envolver os atores internacionais em uma atmosfera de constante superação de conflitos determinados pela cultura local – o que envolve o Direito Interno – para consolidar assim um projeto de sociedade pan-amazônica, sem que haja, para tal, a imposição de valores ou interesses com inobservância desses aspectos da sociedade.
רפאל

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Ode aos Militares - Poema do amigo Paulo Bassalo


Em comemoração ao dia do soldado, gostaria de relembrar um poema do meu querido amigo Paulo Bassalo, um grande vanguardista. Na minha opinião, diferentemente dos críticos que consideram subversão e anarquia conceitos impreterivelmente negativos, acredito que o verdadeiro anarquista é sim um grande romântico. O Paulo para mim foi um desses, um coração sem limites...

Ao amigo Paulo, in memoriam, um fraterno abraço, onde quer que tu estejas.

רפאל

ODE AOS MILITARES

Aos militares brasileiros
de ontem, de hoje e de sempre.
Enquanto cagam,
papel higiênico de listras verdes e amarelas.
A mão direita no peito,
a esquerda em continência.
Na cozinha, a mulher de bobs no cabelo,
entoando a canção "The Star Spangled Banner".
Se é que posso chamar isso de canção...
...e aquilo de mulher!
De sorte eu posso me considerar.
Nunca servi de besta, eu nunca fui militar!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Curado por Deus - Muito Obrigado!


Recebi um comentário de um amigo da nostálgica faculdade de Direito sobre este blog. Não posso deixar de postar o que imagino ter sido uma breve interpretação de meu intuito de compartilhar idéias, críticas e outras criações pessoais. Obrigado Cleber, mais uma vez, te devo esta ode.
Calma e elegância,
רפאל
Meu amigo, gostei de seu blog, o nome é certamente fruto de uma mente brilhante - Curado por Deus - quanto têm essa alegria de ser curado por Deus, e quantos não buscam essa cura, vivem doentes, nos vícios, na indole desconstrutiva dos valores, ou seja, a inversão dos valores como cita Maquiavel: "se vives em um mundo em que fazer o errado é certo, se tentas fazer o certo és errado". Essa realidade distante de nós. (...) Meu amigo Rafa, parabéns pela criação do blog, aqui manifestamos o que somos, pois conhecemos os amigos, as palavras são reflexos do que vivenciamos. Só somos curados quando aceitamos a verdade de Deus, essa é transformadora, e o melhor, não é por crediário, muda-se à vista, por inteiro. Morrer para renascer. A velha natureza, que contamina o homem não mais nos domina, não somos mais escravos de vícios, somos seres transformados. Amigo Rafael, que Deus sempre ilumine teus atos, vc certamente é uma pessoa sensível ao outro. Um fraterno abraço do amigo que te admira muito. Cleberson Williams, <><

Homofobia na sociedade


Tenho uma amiga que costuma se irritar e muito quando eu falo sobro o homossexualismo. Eu tenho que dizer sempre para ela: Virgínia, minha opinião é minha opinião e minha crítica é construtiva, senão, seria deboche!
A verdade é que não desfruto da opinião geral que se faz do homossexualismo hoje. Essa tolerância desvairada e extrema para mim é típica de uma opinião lugar-comum, típica de quem não tem o que opinar. O exercício da "ação afirmativa", no que tange aos direitos dos homossexuais, para mim é o exercício de um preconceito e uma ofensa aos padrões morais da sociedade. Se é que ainda existe sociedade moral, pois como afirmou Nietzsche, não há fenômenos morais, e sim, interpretações morais, pois nem sempre o que fazemos com a melhor das intenções é nesse diapasão interpretado pelo outro. Repouso nessa idéia o meu direito de criticar a conduta geral da sociedade sobre o assunto.
Lembro do que meu pai fala: "na Inglaterra, o homossexualismo já foi proibido. Depois passou a ser tolerado; depois, respeitado. Agora, é disciplinado pelo direito... daqui a pouco é obrigatório! É exatamente a isso que me refiro. Que perspectiva futura é pretendida e qual o argumento moral para essa postura? Paliativo?
Quando vejo na televisão notícias e imagens do movimento gay na Avenida Paulista, fico prostado a acreditar que aquilo tudo esconde muitos segredos. Quem financia isso tudo? Qual a intenção de divulgar esses eventos como se fossem o Círio de Nossa Senhora de Nazaré? Estranho e comento com amigos o assunto, que considero inversão dos valores sexuais.
Sinceramente, minha aversão à hipocrisia não me permite aceitar naturalmente essa condição: para mim, há muita imposição de valores. Não é preciso ser relativista ou universalista para perceber...
Quero deixar claro que não defendo nenhuma atitude radical quanto aos homossexuais, pois sou contra a violência em qualquer espécie que ela venha a ser exercitada, mas meu amor-próprio me obriga a expor a verdade para os outros. Não gosto dessas atitudes, não posso esconder que muitos homossexuais não convivem pacificamente com a sociedade. Primeiro, muitos imaginam que qualquer homem seja um gay em potencial - o que é aviltante; segundo, muitos promovem ações com atitudes escandalosas, quase pornográficas, claramente ofensivas ao pudor ordinário - como o movimento gay.
Defendo sempre a revisão dos valores vanguardistas, sem pensamento retrógrado, é claro. Para mim, a democracia tem limite, e esse limite é a demagogia. Parem para pensar um pouco...
Quando me perguntam meu perfil, eu respondo brincando e a Virgínia se irrita: sou heterossexual, monogâmico e homófobo, pois para mim, homem que é homem não toma mel... MASTIGA ABELHA!
רפאל

Esteio de ninguém

Ultimamente, tenho sido contemplado com a oportunidade de conhecer grandes pessoas e, óbvio, agradeço muito à Deus por tudo isso. Talvez eu estivesse caminhando por vias oblíquas, o que geralmente nos deixa próximo do endereço do tédio e da insatisfação. Por sorte, minha calma e elegância atuaram mais uma vez em minha vida para me indicar o caminho.
Numa dessas oportunidades, conheci uma bela mulher. Sorridente, de expressão leve e tranqüila, não pude evitar: tive que conhece-la. Paulistana, 30 anos de idade, estava acompanhada de uma amiga, tomando uma cerveja lá no Chico Mineiro. Conversamos muito e de cara ela me perguntou se tinha namorada. Disse que não. Ela me perguntou se queria namorá-la. Não soube o que responder, só pensei: isso jamais tinha me acontecido, quanta rapidez... Me senti a mulher da mesa, levando cantada e ficando sem jeito. Só sei que aquela noite de Lua cheia me trouxe com sua luz a oportunidade de apreciar bons momentos ao lado daquela pessoa. Sou cativado por isso, pessoas diferentes, com jeito bastante peculiar de pensar e agir. Exatamente o que vi nela: uma educação e fineza incomuns hoje em dia, uma certa timidez e uma beleza individualíssima.
Paqueramos durante uma semana, depois entregamos para Deus. Lembro de nossas conversas sobre determinação e objetivos na vida, bem como das dificuldades de alcançar o que se almeja. Em uma palavra ela definia tudo: FOCO. Precisamos de um foco, um caminho, e não forçosamente se entregar aos intempérios. Ela dizia: "você é seu próprio esteio, não pode ser esteio de ninguém". Concordei com ela e fiquei super feliz com tudo que ouvi e aprendi em sua companhia. Hoje tenho a honra de comemorar a sua amizade.
Em homenagem, comemoro o aniversário da leonina no próximo dia 21 com um poema que foi musicado por Adriana Calcanhoto, de um poeta português que eu não sei o nome. Refere-se diretamente ao esteio, coisa que nunca fomos um do outro. Um beijo, parabéns!
רפאל

"Eu não sou eu, eu sou o outro
sou qualquer coisa de intermédio.
Pilar da ponte de tédio
que vai de mim até o outro."

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

M(EU) CONSCIENTE

Esta letra foi por mim adaptada do ensaio nº 6, das Minima Moralia de Theodor Adorno. Não posso esquecer de dizer que o ensaio original foi escrito há mais de cinquenta anos, porém, conserva uma atualidade cósmica. A forma ensaiada de escrever é fabulosa, pois possibilita ao escritor e ao leitor total liberdade. Isso sim fundamenta a arte.
Dei o nome de m(eu) consciente, mas chame do que quiser,רפאל



Meu consciente,
suficiente,
num contexto falso.

Minando a verdade,
completa a traição.

De cada ida ao cinema,
apesar do cuidado,
saio pior
e mais abestado.

Confunde a fraqueza
e domina a pobreza
com a diversão do solidário!

Calma e elegância - Ao amigo Cleber Williams

Tenho muita saudade dos tempos da faculdade de Direito. Não pelo curso, e sim, pelos colegas e amigos envolvidos naquela atividade. Em especial, sinto saudades da companhia e efervescência de idéias de um amigo: Dr. Cleber Williams. Esse cara me ajudou muito no amadurecimento profissional e desenvolvimento pleno. Uma das coisas interessantes que aprendemos juntos na faculdade aconteceu numa palestra do reitor da Universidade da Amazônia, Prof. Edson Franco, que compartilhou conosco um ensinamento mais que fundamental. Disse ele: "meu pai, grande homem, uma vez me disse: filho, na hora de tuas angústias, calma e elegância."
Essa frase valeu por todos os cinco anos de faculdade, e a amizade do Kelé, essa então não tenho nem como comentar. Um abraço fraterno ao amigo, hoje no Estado de Alagoas com sua linda família.
Em homenagem, quero postar um belo texto do blog do Cleber, disponível em cospess.blogspot.com
Boa leitura,
רפאל
Segunda-feira, 16 de Abril de 2007

Tu és o cão, diabo
Essa foi a frase que escutei em uma das aulas que estava ao lado da sala, observando a professora de uma escola fundamental, dizer para um aluno. Não fiquei surpreso, queria ter gravado a aula, a professora estava tendo um ataque de nervos, se é que ainda tinha esses nervos. Não sei como pode uma professora lecionar nessa situação, gritos e mais gritos, imagino que as crianças devem ter uma boa imagem da escola, percebi na hora do lanche e da saída, era uma gritaria só, em deixar o colégio, e mais interessante é que ao chegarem na escola não se grita tanto, só os professores gritando para os alunos irem para as salas de aula. E não poderia deixar de comentar, vendo as imagens de crianças descalças a maioria, já que não tinham sapatos ou sandálias, lembrei de minha infância, em que ia para a escola com sandálias havaianas aquelas que não soltavam as tiras e nem deformavam, e em menos de 3 semanas colocava-se grampo na divisória dos dedos, pois já havia soltado as tiras de tanto caminhar, naquele tempo era um atestado de pobreza ira para aula de sandálias havaianas, era só os que não tinham sapatos que usavam havaianas, hoje usar havaianas é luxo, a R$ 15 reais, quem é que pode se dar ao luxo de usar uma havaiana há 15 reais. Mas voltando ao assunto, dos pés descalços, se alguem já observou os quadros que retratam a escravidão, saberá o que estou comentando, os escravos eram os pés-rapados, pois não usavam sandálias, ou sapatos, já que objetos não usam sapatos, apenas as bonecas portuguesas ou francesas. Os sapatos ficavam para o uso dos senhores. Assim imaginei naquela escola do interior próximo há uns 70 quilômetros da capital, pessoas indo a escola sem sapatos ou sandálias. Escravos em tempos contermporâneos. Coisas de brazil, imagine se esse quadro é visível aqui nesse estado tão grande e tão rico. é verdade o brasil não conheçe o brazil. Cospess.

Theodor W. Adorno


Quando descobri os escritos de Theodor W. Adorno, percebi que estava diante de um novo momento em minha vida. Percebi que um intelectual pode sim ser reconhecido por um esforço desumano para tentar ser compreendido sem descomplicar as coisas. Nas palavras do próprio Adorno, "proximidade à distância".

Como cheguei ao fino trabalho dele, isso não importa. Adorno é hoje meu demônio particular, que me atormenta com sua exigente postura e me delicia com a contemplação da desgraça.

רפאל

A Capital Federal

Tenho saudades da Capital Federal. A única certeza que tive ao visitá-la é que não estava num local qualquer, e sim, num grande projeto arquitetônico e cultural. Brasília é importante sim para o Brasil. Demonstra a dificuldade de um povo em realizar-se, em ser feliz, desbravando as estradas brasileiras em busca de seu cantinho de terra. רפאל

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Contos Modernos - Poema do amigo Rogério Barret

Em homenagem ao meu querido amigo Rogério Barret, relembro um poema que ele cuidadosamente escreveu e musicou no ano de 2001. Todos lembram, ano do apagão. Devem lembrar também daquela sexta-feira que ficamos todos nas trevas, embaixo de uma típica chuva parauara. Todos esses fatos contribuiram para a determinação do Rogério em não deixar passar em branco. Aliás, bem lembrado: NADA deve passar em branco. Prefiro o preto no branco do papel...
Abraço ao amigo R. Barret, curtindo as Cataratas de Foz do Iguaçu.

רפאל



CONTOS MODERNOS

Bosta no FHC,
é o que todo mundo quer fazer.

A situação ficou preta
numa dessas sextas-feiras.
A situação já tá preta,
todo dia é dia de feira!

E a cesta congelada
à base de gelo de peixe,
e o preço congelado
lá no pico Everest
de um país tropical.

A tradição aqui é
que tudo acabe em Carnaval.
Aqui tudo vira bacanal.

Tá tudo pela hora da morte,
se bem que já não tá muito longe.
Somos só contos modernos
dos velhos livros de História.
Somos versões hi-tech
do que já lemos antes.

Bosta no FHC,
é o que todo mundo quer fazer.

A vida pra noite é uma noite constante

Bonde passa,
Lombra passa,
Chuva passa.
Só o que não vem é o que não passa.

E o que foi, se foi.
Passou a data e a hora,
e não tinha nem hora marcada.

Chuva na cara,
na máscara dos que riem.
Não se pode ser assim
se não se pode ser pra si.

Não se pode ter um fim,
chuva no tempo, no tempo ruim.


רפאל

Perseverança e sorte


O que ainda me intriga é saber como, mesmo conhecendo as consequências, um indivíduo chega ao extremo de abrir mão de suas conquistas em nome de uma aventura. Se fossemos aventureiros, teriamos escolha? E o tal livre-arbítrio? Nada mais que uma forma de enaltecer o erro...
רפאל

"Torna-te aquilo que és."

Talvez o grande problema em nossa sociedade hoje seja a dificuldade em aceitar os intempérios e as diferenças diversas. Este é um local para, acima de tudo, conhecer uma parcela de boa ou falsa verdade. Nesta data, compartilho com amigos, afins e desconhecidos minha vontade de mudança e minha paciência com a realidade.
Calma e elegância,
רפאל